domingo, 25 de maio de 2025

“More Than Words”, de Extreme

Capa do disco Extreme II: Pornograffitti, de 1990.

QUANDO A BANDA DE ROCK Extreme lançou seu segundo álbum de estúdio (em 1990), eles não imaginavam que uma das faixas os levaria a um sucesso comercial gigantesco. O álbum inteiro tem a pegada de funk-metal, que é a marca registrada da banda, mas justamente a faixa que trago hoje ao blog, que é uma balada acústica, foi a que fez maior sucesso comercial.
More Than Words é um dos cinco singles que fazem parte do disco Extreme II: Pornograffitti. Escrita por Gary Cherone e Nuno Bettencourt (respectivamente, o cantor e o guitarrista da banda).
Quando entrevistado sobre a música, Nuno respondeu:

“As pessoas usam isso com tanta facilidade e leviandade que acham que podem dizer isso e consertar tudo, ou que podem dizer isso e tudo ficará bem. Às vezes é preciso fazer mais e demonstrar — há outras formas de dizer ‘eu te amo’.”

A banda brigou com sua gravadora para conseguir lançar More Than Words como single. Em certo momento, Bettencourt chegou até a sair da banda por causa disso. Em 2016, ele contou à Billboard: “Nossa gravadora na época [a A&M Records] não queria lançar More Than Words como single porque não havia nada parecido tocando no rádio naquele momento. A gravadora dizia, ‘Quem vai tocar isso?’ Todo mundo estava fazendo grandes baladas poderosas naquela época, e essa música era mais como algo dos Everly Brothers ou dos Beatles. Mas nós lutamos por ela.” Gary declarou: “Ela virou um monstro. Ganhou vida própria e não conseguimos matá-la. Acho que ela vai resistir ao teste do tempo.”
É engraçado que o sucesso também retornou receios. A música realmente marcou a história da banda, mas também trouxe como resposta o fato de que “ela só tinha aquela música”. Segundo Cherone, “Não gostávamos da imagem que a música criava sobre a banda. Lembro que estávamos em turnê com o Aerosmith na Polônia... foi nessa turnê que decidimos que não tocaríamos a música. Simplesmente não a tocamos. Algumas noites depois do início da turnê, o Steven Tyler [o cantor da banda Aerosmith] escreveu em letras garrafais na porta do nosso camarim: ‘TOQUEM A P—A DA MÚSICA!’ A atitude dele foi quase como a de um pai. Ele disse: ‘Olha, essa é a primeira vez de vocês na Polônia. Quando acham que vão voltar? Eles querem ouvir isso, então toquem!’”.
Até hoje, ainda é a principal música da banda, que já teve outros sucessos, como Hole Hearted e Rest In Peace — mas que nunca atingiram a primeira colocação da Billboard como More Than Words.

COMO DE COSTUME, DEIXO a letra traduzida da música. É linda que só e merece estar aqui.


Extreme
“More Than Words”

Dizer “eu te amo”
Não são as palavras que eu quero ouvir de você
Não é que eu não queira
Que você diga, mas se ao menos soubesse
Como seria fácil
Mostrar-me como você se sente

Mais do que palavras
É tudo que você precisa fazer para tornar real
Então você não precisaria dizer que me ama
Porque eu já saberia

O que você faria
Se meu coração fosse arrancado em dois?
Mais do que palavras para mostrar que você sente
Que seu amor por mim é real
O que você diria
Se eu jogasse suas palavras fora?
Então você não poderia fazer as coisas apenas dizendo “eu te amo”

Agora que eu tentei
Falar com você e deixar você entender
Tudo o que você tem que fazer é
Fechar os olhos e apenas estender suas mãos e me tocar
Me abraçar apertado
Nunca me deixar ir

Mais do que palavras
É tudo que você precisa fazer para tornar real
Então você não precisaria dizer que me ama
Porque eu já saberia

O que você faria
Se meu coração fosse arrancado em dois?
Mais do que palavras para mostrar que você sente
Que seu amor por mim é real
O que você diria
Se eu jogasse suas palavras fora?
Então você não poderia fazer as coisas apenas dizendo “eu te amo”
Mais do que palavras...

Parnamirim, 19 de maio de 2025
Rio Grande do Norte, Brasil

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Brick Bradford: um marco na ficção científica

Destemido. Recorte da capa de Brick Bradford #6, lançada
em outubro de 1948 pela Standard Comics. A edição trazia
uma das histórias mais clássicas,
Brick Bradford e o
Monstro de Metal (1939).

BRICK BRADFORD É LEMBRADO principalmente como uma tira de ficção científica/aventura espacial, nos moldes de Buck Rogers in the 25th Century A.D., de Dick Calkins, ou Flash Gordon, de Alex Raymond. Mas, quando começou, parecia mais com outra criação de Calkins, Skyroads, que, como Tailspin TommyThe Adventures of Smilin' Jack, era sobre aviadores aventureiros.
A tira diária começou em 21 de agosto de 1933, distribuída pela Central Press Association. Essa pequena e pouco lembrada agência era uma subsidiária da King Features Syndicate, líder em distribuição de quadrinhos desde o começo. A Central era especializada em jornais de cidades pequenas, então levou algum tempo até que Brick fosse visto nos grandes centros urbanos, que tinham públicos mais sofisticados. Apesar disso, os leitores responderam bem aos enredos, que envolviam robôs gigantes, dinossauros estranhos, mundos subatômicos e outras coisas mirabolantes do tipo, e uma tira dominical foi lançada 15 meses depois. Como muitos jornais clientes não publicavam edições dominicais, a tira do fim de semana estreou num sábado, em 24 de novembro de 1934.

Na terra dos desaparecidos. A primeira tira dominical
de Brick Bradford, de 25 de setembro de 1934.

Brick foi criado pelo roteirista William Ritt — um jornalista baseado em Cleveland, Ohio (onde, mais ou menos na mesma época em que Brick estreava, Jerry Siegel e Joe Shuster começavam a desenvolver o Superman) — e pelo artista Clarence Gray (que não tem parentesco com Harold Gray, o criador de Little Orphan Annie). Ritt aparentemente não tinha vergonha de mostrar sua educação extensa para entreter os leitores, já que pontos da trama frequentemente dependiam de detalhes da mitologia clássica ou de curiosidades da ciência moderna. Mas ele também era fã das artes populares, e as histórias se desenrolavam no ritmo acelerado das melhores revistas pulp.
Em poucos meses, a tira já estava sendo publicada em jornais maiores, e a versão de final de semana assumiu o formato de uma página dominical regular. Um topper (história complementar que vinha acima da tira dominical) foi adicionado em 20 de abril de 1935, chamado The Time Top [no Brasil, ficou conhecido como “Pião do Tempo”], que envolvia um veículo em forma de pião que podia viajar no tempo — surgindo mais de quatro anos antes do dispositivo do Doc Wonmug em Alley Oop, sendo a primeira máquina do tempo a aparecer regularmente nos quadrinhos. Essa série durou apenas alguns meses, mas não foi esquecida — em 17 de outubro de 1937, o Pião do Tempo passou a fazer parte regular das aventuras dominicais de Brick. Enquanto as viagens no tempo de Oop eram limitadas ao passado, Brick visitava qualquer era, principalmente o futuro. Assim, todo o cosmos se abriu para ele. Já nas tiras diárias, Brick permanecia na época presente.

Aventureiro. Tira dominical, de 13 de junho de 1965,
com roteiro e arte de Paul Norris. É possível ver o Pião
do Tempo no primeiro e último quadro.

Quando a King Features entrou no ramo das revistas em quadrinhos, Brick Bradford foi junto. Reimpressões da tira começaram a aparecer nas últimas páginas da revista King Comics já na primeira edição (abril de 1936), junto com Barney Google and Snuffy Smith, Henry, Bringing Up Father e outros personagens do sindicato. Popeye, claro, era a figura principal na capa. A revista Ace Comics reimprimiu Brick de 1947 a 1949. Ele teve seu próprio título, também feito de reimpressões, por alguns meses em 1948, publicado pela Standard Comics. As únicas histórias originais de Brick Bradford para as revistas em quadrinhos surgiram no final dos anos 1960, publicadas na King Comics nas páginas finais de revistas dedicadas ao Fantasma e Mandrake, o Mágico. Brick também apareceu em um seriado pro cinema de 15 episódios da Columbia Pictures, estrelando Kane Richmond, no ano de 1947.
Na metade da década de 1940, Ritt aparentemente perdeu o interesse em Brick Bradford, e os roteiros refletiram isso. Ele acabou saindo dos roteiros em 1948, deixando primeiro as tiras diárias e depois a dominical para Gray. O artista assumiu todo o trabalho sozinho até 1952, quando problemas de saúde o forçaram a abandonar as tiras diárias. Paul Norris — que durante quatro anos havia desenhado Jungle Jim para a King — assumiu seu lugar. Gray morreu cinco anos depois, e Norris passou também a desenhar as tiras dominicais. Norris já havia deixado sua marca nos quadrinhos ao cocriar o Aquaman para a DC, e também é conhecido por seu trabalho em Agente Secreto X-9, Vic Jordan e outras séries, mas Brick Bradford acabou superando tudo o que ele fez na área.

Diferentes estilos. Duas tiras diárias: a primeira com
roteiro de William Ritt e arte de Clarence Gray e a
segunda com roteiro e arte de Paul Norris.

Brick continuou tendo aventuras por décadas, com histórias ambientadas na Terra contemporânea nas tiras diárias e no espaço do futuro nas tiras dominicais. Norris continuou escrevendo e desenhando tudo. Mas, como a maioria das tiras de aventura, sua circulação foi diminuindo gradualmente. Quando Norris se aposentou, Brick Bradford foi encerrado junto com ele. A última tira diária foi publicada em 25 de abril de 1987, e a última dominical saiu duas semanas depois.

BRICK BRADFORD EM TERRAS BRASILEIRAS

NO BRASIL, BRICK Bradford também encontrou seu espaço entre os leitores. Conhecido inicialmente como “Dick James”, o personagem apareceu pela primeira vez na edição 27 do Suplemento Juvenil, em setembro de 1934. Depois, começou a aparecer em outras revistas de tiras e suplementos de quadrinhos da época, que apresentavam material da King Features Syndicate, como O Globo Juvenil, A Gazetinha e o Gibi Semanal.

Outro nome. Brick Bradford foi chamado
de Dick James quando saiu no
Gibi #35,
em 1939.

Suas histórias, muitas vezes condensadas, eram traduzidas e adaptadas para o público brasileiro, com pequenos ajustes nos diálogos e nomes próprios para se adequar melhor ao português. Durante as décadas de 1960 e 1970, algumas editoras menores, principalmente a Lord Cochrane e a Paladino, também republicaram aventuras de Brick Bradford no Brasil, em almanaques e revistas de tiras colecionáveis, aproveitando a febre da ficção científica e da exploração espacial, popularizadas na cultura mundial pela corrida espacial que acontecia durante a Guerra Fria.
Apesar de nunca ter atingido o mesmo nível de popularidade de Flash Gordon ou Fantasma em terras brasileiras, Brick Bradford manteve uma base fiel de leitores, especialmente entre fãs de histórias de aventura e ficção científica clássica. Algumas de suas histórias envolvendo viagens ao futuro e mundos paralelos eram vistas como inovadoras na época, conquistando leitores fascinados pela ciência e pela fantasia.
Atualmente, as aparições de Brick Bradford no Brasil são objeto de colecionadores e aficionados pela chamada “Era de Ouro” dos quadrinhos. Sua última aparição no país se deu na revista Stripmania 3, lançada pela Opera Graphica em 2003.

Parnamirim, 28 de abril de 2025
Rio Grande do Norte, Brasil

domingo, 20 de abril de 2025

“Moving On and Getting Over”, de John Mayer

Impacto. Capa de The Search for Everything. O disco
estreou na segunda posição da
Billboard 200, nos EUA.

SE TEM UMA MÚSICA que, de tempos em tempos, eu me pego ouvindo diariamente, essa música é Moving On and Getting Over, oitava faixa do álbum The Search for Everything — sétimo do cantor John Mayer, lançado em 2017.
Lembro do momento em que fui apresentado ao disco por um dos meus melhores amigos, Marcos Munay. Foi em 2017 mesmo. Eu trabalhava numa gráfica rápida, foi meu primeiro emprego ao chegar em Natal, no mesmo ano. Na época, eu ficava sempre entre ouvir Still Feel Like Your Man — que abre o álbum — e a anteriormente citada, sempre em loop. Se eu tivesse feito um recap do que mais ouvi naquele ano, na época, certamente essas duas músicas estariam presentes no Top 5.
Segundo o Genius, a música aborda a dificuldade emocional de seguir em frente após um término. Apesar do título sugerir que é fácil “superar e seguir em frente”, a letra revela o contrário — ele ainda sente falta, pensa nela constantemente, e se vê preso nesse processo ambíguo de cura. A batida é envolvente, “grooveada”, o que cria um contraste interessante entre o som leve e a letra emocionalmente densa.
Mayer disse em entrevistas que ele quis criar uma vibe de “música para dirigir de noite” — introspectiva, com batida constante e envolvente. Essa foi uma das primeiras músicas a serem apresentadas na série de lançamentos por etapas de The Search for Everything. O álbum foi lançado em partes, com as faixas sendo liberadas aos poucos.
Como de praxe neste blogue, sempre trago o vídeo com a música e a letra traduzida:


John Mayer
“Moving On and Getting Over”

Seguir em frente e superar
Não são a mesma coisa, ao que me parece
Porque você se foi, estou envelhecendo
Mas ainda não consigo te tirar da cabeça
E realmente acredito que sinto você o tempo todo

Seguir em frente e superar
Não são os amigos que costumavam ser
Faz tanto tempo desde que pude te abraçar
Mas ainda não consigo te tirar da cabeça
E realmente acredito que sinto você o tempo todo, o tempo todo

Me diga que posso me apegar ao fato de que você me amou
Me diga que posso manter a porta entreaberta
Para deixar a luz entrar
Por toda a minha fuga, posso entender
Estou a uma mensagem de voltar novamente
Mas estou seguindo em frente e estou superando
Estou superando, estou superando
Tenho que superar

Seguir em frente e superar
Já faz tanto tempo; isso só mostra
Que ainda não consigo te tirar da cabeça
E eu realmente gostaria de te ver mais uma vez

Está me levando tanto tempo apenas para dizer "adeus"
Talvez esteja tudo errado, mas estou seguindo em frente
Vou arranjar uma nova garota, é algo que posso fazer, garota
Para tentar me ajudar a superar, garota

Porque estou seguindo em frente
Estou seguindo em frente (×4)
Considere-me como praticamente desaparecido
Porque estou seguindo em frente

Parnamirim, 16 de abril de 2025
Rio Grande do Norte, Brasil

domingo, 9 de março de 2025

Um ano morando só, Minecraft, Vingadores e os quase 30 anos

As pelúcias que decoram minha cama: Blau, o gato azul;
o escudo do Capitão América Sam Wilson; uma Hello
Kitty vestida de Mago Negro; Leo, o peixinho; e um
Charlie Brown abraçado ao Snoopy. Foto de 7 de
março de 2025.

“É bom, contudo, que o homem
confrontando-se com a dificuldade
se julgue de vez em quando.”
(“O mito de Sísifo”, Albert Camus)

HOJE COMEÇO O SEGUNDO ano morando só. Escrevi em janeiro que, no ano passado, eu decidi que queria me mudar pra morar sozinho. A data foi nove de março.
Na verdade, eu tinha pago o primeiro aluguel antes, em 21 de fevereiro, mas a mudança em si só ocorreu em março porque comprei, aos poucos, as coisas que precisava pro cantinho novo que viria a morar. É um espaço pequeno, mas que funciona bem pra uma primeira vez morando só.
A experiência de morar sozinho tem sido no mínimo curiosa. Também já escrevi sobre isso outras vezes e já relatei que temo a sensação de solidão. É um dos fantasmas que me assombram e que tenho tratado em terapia. Claro, é algo que não vai sumir do dia pra noite, nem da noite pro dia, mas é algo que eu ainda assim sigo temendo e a origem eu já conheço. Papo pra um outro dia, com certeza, mas necessário de ser pontuado.
Pois bem, morar sozinho tem sido interessante. Fiz amizade com a vizinhança e isso evita que eu me sinta só. Inclusive, ontem, comemorei com um dos vizinhos o fato de que não faz apenas um ano que passei a morar só mas também faz um ano que o conheço. A ocasião pediu uma pizza e foi ela que dividi com esse vizinho. O papo foi de dinheiro e economia até Sísifo e sua pedra e as escolhas e decisões que tomamos. Finalizou com um abraço apertado e um aperto de mão unido a um “Obrigado por tudo até aqui”.
Aprendi demais a agradecer.
Agradeci, por exemplo, ao meu irmão, que me auxiliou a, pela primeira vez, zerar Minecraft. Tudo bem que foram incontáveis mortes — foram 7 viagens até o local onde o Portal para o Fim do jogo ficava, só para notar que eu não ia conseguir e perder todos os itens que juntei até o momento. Mas, pela primeira vez, jogando sozinho, encarei o medo de enfrentar o Dragão do Fim. Acreditem se quiser, Minecraft consegue ser um jogo extremamente assustador quando quer. E o Fim é definitivamente uma prova disso.
Também fui acompanhado e agradeci — mesmo que ele não faça ideia — ao Jason Aaron e à fase dos Vingadores que ele escreveu. Ela tem sido minha “série da Netflix” em gibi que eu venho maratonando. No meio do caminho, também se juntaram à revista, que se tornou um mix, os títulos do Thor (de Donny Cates), Capitão América (de Ta-Nehisi Coates) e o Homem de Ferro (de Christopher Cantwell, que, por sinal, tem sido uma baita surpresa, especialmente pela arte do Cafu — Carlos Alberto Fernández Urbano — e as cores do Frank D'Armata, que é uma belezura aos olhos). Todos esses personagens estão me acompanhando há algum tempo e tem sido muito bom me divertir com a escrita e as artes.

Capa de Avengers (2018) #1,
por Ed McGuinness

Comecei também um emprego novo, e agradeci por finalmente receber o título de Desenvolvedor Mobile Junior que tanto almejava. É o reconhecimento do primeiro degrau na carreira de qualquer desenvolvedor (se bem que outros cargos também possuem esses títulos). Por mais que eu já trabalhe com programação há 4 anos, eu ainda não tinha recebido nenhum título de experiência. Estou trabalhando num baita projeto legal e para uma Universidade Federal. Isso é fantástico em tantos níveis! Realmente não consigo conter a felicidade.
E comecei esse emprego novo a uma semana de completar 29 anos. Meu aniversário cai na quarta, dia 12, e tenho brincado com todos que essa semana de 9 a 15 de março está totalmente referenciada na minha cabeça. Os diálogos são mais ou menos assim:

— [Algum evento] vai cair no dia 13... — diz alguém.
— Que é na quinta, porque ela é um dia depois do dia 12, e dia 12 é uma quarta e quarta é meu aniversário! — eu respondo.

Acho que estou escrevendo esse texto mais para lembrar da importância de saber agradecer pelas coisas. Sejam elas boas ou ruins, ainda se pode tirar algum proveito, algum ensinamento. Saber ter paciência é importante. A CICADA 3301 colocava em diversos dos seus enigmas que “A paciência é uma virtude”. É preciso saber reconhecer que para tudo há tempo.
Hoje, para mim, é tempo de agradecer.

Parnamirim, 09 de março de 2025
Rio Grande do Norte, Brasil

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Uma palavrinha sobre a revista mensal do Homem-Aranha...

APÓS PRATICAMENTE QUASE quatro meses sem aparecer nas bancas, finalmente O Espetacular Homem-Aranha 22/66 apareceu. E, claro, trouxe problemas.

Atrasada: Capa brasileira da edição de O Espetacular Homem-
-Aranha 22/66, que deveria ter sido lançada em outubro de 2024,
mas foi adiada para janeiro de 2025. Arte por John Romita Jr.,
Scott Hanna e Marcio Menyz.

Queria conversar com vocês sobre isso. Na edição 21/65, Diogo Prado se despediu do papel de editor adiante. E, nos quase quatro meses de atraso que a revista teve, parece que o novo editor, Yuri Primitz, não chegou a fazer o trabalho de casa, recebido às pressas, imagino.
Começando pela capa: é comum que os sobrenomes dos principais artistas presentes na edição apareçam ali. Wells, ou Zeb Wells, o roteirista dessa fase, está ali. Gleason, ou Patrick Gleason, porém, não faz sentido algum de se encontrar na capa. A edição 22/65 contém a edição 31/925, que é uma edição com mais páginas, contendo, além da história principal, diversas histórias extras. Acontece que os artistas da história principal são John Romita Jr. e Emilio Laiso. As histórias secundárias tem roteiros, além do próprio Zeb Wells, de Dan Slott e Celeste Bronfman, e artes de David López, Mark Bagley, Alba Glez e Paco Medina. Em nenhum momento, o nome de Patrick Gleason aparece. Ele, na verdade, é o artista da próxima edição. Falta de atenção logo num dos detalhes importantes da capa.
E então o texto introdutório da revista, que traz o que considero o erro mais grave. Ele abre com “Lonnie Lincoln, o Lápide, vai se casar!” Citar isso justamente nessa edição indica que a pessoa a editá-la não tem a menor noção do que está se passando na revista ou na série como um todo. Basta ler o resumo que Wells escreve na página com a logo: “[...] pois Janice [Lincoln] [...] ficou noiva de Randy Robertson”. Não é o Lápide quem vai se casar, nunca foi desde a primeira edição dessa revista, mas sim a sua filha, a vilã Besouro. Não consigo presumir o que levou o novo editor a escrever essa frase logo em seu primeiro texto como editor do quadrinho mais importante da Marvel, mas o erro foi algo extremamente amador.
Essa revista brasileira me preocupa. Nos EUA, a fase do Zeb Wells encerrou na edição #60, lançada em outubro de 2024 por lá. Ela está MUITO atrasada no Brasil, mas parece que a Panini finalmente vai correr atrás do prejuízo deixando de publicar histórias paralelas e passando a focar apenas no título principal do herói escalador de paredes. Porém, é importante que a editora, ainda assim, não deixe de se preocupar com os detalhes que compõem cada edição, afinal de contas, o valor mensal dela acabou de passar pra um reajuste. Se o preço aumenta e o serviço piora, a conta, infelizmente, não fecha.

A seguir: Capa da edição 23/67 de O Espetacular Homem-
-Aranha, a ser lançada em fevereiro de 2025. Arte por John
Romita Jr., Scott Hanna e Marcio Menyz.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

“Round 6: Temporada 2”, os problemas e o receio

Gi-hun em foco: O pôster promocional da
segunda temporada mostra que o personagem
estará de volta aos jogos.

QUE A SÉRIE ROUND 6 (Squid Game, originalmente; 오징어 게임 — lê-se ojing-eo geim —, no coreano, referência à brincadeira infantil Jogo da Lula, popular na Coreia do Sul) é um sucesso, isso todos sabem. A primeira temporada fez com que a produção se tornasse a série mais assistida de todos os tempos na Netflix, e também garantiu um Globo de Ouro e seis Primetime Emmy Awards.
Nela, acompanhamos Gi-hun Seong (representado por Lee Jung-jae), um pai divorciado que é viciado em apostas e vive com sua mãe. Por conta das dívidas, ele é convidado para jogar uma série de seis jogos infantis (daí o nome Round 6) pela chance de vencer um gigantesco prêmio em dinheiro. O criador da série, Hwang Dong-hyuk, disse que baseou a narrativa na ironia dos jogos infantis, onde a competição não era importante, e a vida adulta, onde a competição pelo ato de viver é fundamental.
Com muito suspense e violência explícita, a série ganha com o desenvolvimento dos personagens. Ela te faz se apegar a vários só para vê-los, um a um, morrer em tela. A primeira temporada é repleta de momentos que tiram o fôlego, um drama com atuação impecável, diversos momentos de tensão e destaque para as fotografias, onde as cenas são pensadas de forma a tornar cada momento único e histórico.
A trilha sonora também é fundamental, e é composta por diversos clássicos, como Trumpet Concerto, de Joseph Haydn — tocada para acordar os jogadores —, The Blue Danube, de Johann Strauss II — tocada para anunciar o início de um novo jogo — e também um cover de Fly Me to the Moon, que ficou famosa na voz de Frank Sinatra, e que, na série, é cantada pela coreana Joo Woo Shin. Jung Jae-il, o compositor musical, disse que as músicas escolhidas servem para contrastar as mortes cruéis com as melodias suaves.

EM 2024, A CONTINUAÇÃO da série ganhou vida. A segunda temporada foi lançada de uma vez só em 26 de dezembro. Dessa vez, foram sete episódios, em comparação aos nove da temporada anterior. Ela começa exatamente do ponto onde a primeira temporada encerra, com Gi-hun deixando de pegar o voo que tinha para os EUA — ele iria visitar a filha, que se mudou com a mãe para lá — em troca de acabar com os jogos. Daqui para frente, Gi-hun vai ter reencontros com o Recrutador (Gong Yoo) e com o Líder (Lee Byung-hun), e decide participar novamente dos jogos. Era um plano arriscado, mas ele esperava que, junto aos homens que contratou para a sua missão, tudo ocorresse tranquilamente. O problema é que o rastreador que ele implantou num dente foi removido logo em sua captura.

Procurado: O Recrutador dos jogos volta a ter
destaque na segunda temporada da série.

A segunda temporada tem mudanças em relação a primeira. Enquanto que só uma vez foi mostrada a votação para desistência dos jogos, dessa vez, após cada partida, os jogadores sobreviventes podem escolher se querem continuar ou não — isso leva a diversos atritos, pois os jogadores agora, além da numeração, também são identificados com um círculo ou um xis, de acordo com os votos para continuar ou desistir. Ela também conta com jogos diferentes, o que é um ótimo argumento pro avançar do roteiro: como Gi-hun realmente foi campeão da última edição, ele consegue guiar algumas pessoas a passar com sucesso da primeira prova, Batatinha Frita 1, 2, 3. Ele conta aos sobreviventes qual seria o segundo jogo: na vez em que ele venceu, a segunda etapa consistia em recortar uma forma de um dalgona, biscoito feito de açúcar, altamente popular na Coreia, e que sempre traz algum desenho em sua face. O problema é que os jogos mudaram e isso causa desconfiança de todos os presentes.
Outro dos destaques é a revelação de quem é o novo jogador 001. O próprio criador dos jogos participou com este número na primeira temporada. Na segunda, o Líder assume, querendo se aproximar e saber mais das intenções de Gi-hun.
Essa nova temporada tem bons momentos, e o desenvolvimento dos novos personagens também é ótimo, ao mesmo tempo em que somos reapresentados a alguns dos que já conhecemos. Ela não tem conclusão. Fica em aberto para a terceira temporada, agendada para ter seu lançamento ainda em 2025. O que será da série, ainda não sei, mas confesso que a forma que ela acaba nessa segunda temporada é extremamente perfeita, com um cliffhanger que te deixa na ponta do sofá querendo mais.

Apenas um homem endividado: o líder é crucial
para o andar da série.

PORÉM, NEM TUDO que reluz é ouro, como diz o ditado, e a segunda temporada de Round 6 apresenta diversos problemas, sendo o principal deles os furos de roteiro.
No segundo episódio, somos apresentados a Kang No-eul, que inicialmente parece ser mais uma jogadora, mas, posteriormente, é revelado que ela é uma das mascaradas que gerenciam os jogos. Isso contradiz o que foi estabelecido na primeira temporada, quando o Líder afirmou que todos ali usavam máscaras ou números para enfatizar a igualdade entre os participantes — mesmo que, na prática, houvesse diferenças. Na segunda temporada, essa regra é ignorada, e os mascarados frequentemente revelam seus rostos. No-eul, inclusive, entra em conflito com os outros mascarados ao descobrir os planos de remoção e venda de órgãos que ocorrem no local, o que fragiliza ainda mais a coerência da narrativa.
Outro ponto problemático é a mudança brusca no tom da série. O suspense e a tensão ainda estão presentes, mas, frequentemente, piadas são inseridas de forma forçada para quebrar o clima, o que prejudica a imersão. Muitos dos novos personagens foram claramente criados com o propósito de ser alívios cômicos, como o rapper Thanos (interpretado pelo rapper T.O.P), o ex-marinheiro Kang Dae-ho (Kang Haneul), Yong-sik (Yang Dong-geun) e sua mãe Geum-ja (Kang Ae-sim). Até mesmo Jung-Bae (Lee Seo-hwan), amigo de Gi-hun, e alguns dos homens desajeitados contratados no início da temporada cumprem essa função. Em muitos momentos, o excesso de humor acaba causando incômodo, tornando difícil manter a seriedade e o peso dramático que a série originalmente transmitia.

Dançando e girando: o rapper Thanos e seu parceiro
durante um dos jogos.

O término em aberto também pode ser frustrante, uma vez que a primeira temporada se encerra de forma quase que contida. Será preciso esperar o lançamento da terceira para que possamos descobrir qual será o destino de Gi-hun e dos jogadores que restaram após os jogos da segunda temporada.

NÃO HÁ DÚVIDAS de que a segunda temporada provavelmente será tão grande quanto a primeira. Mesmo mais curta, esta temporada ainda consegue cativar e prender o telespectador. Round 6 ainda cumpre seu papel básico de mostrar que, não importa o quanto um jogador tente, quem vence é sempre a casa. O destino de Gi-hun é incerto. Será ele a pessoa que irá mudar essa lógica?

Irajá, 21 de janeiro de 2025
Rio de Janeiro, Brasil

domingo, 5 de janeiro de 2025

Mudanças, músicas, quadrinhos e outras coisas mais...

Duas obras da exposição Uma história da arte brasileira,
disponíveis no Museu de Artes Modernas do Rio.
Foto de 7 de dezembro de 2024.

quanto falta pra gente se ver hoje
quanto falta pra gente se ver logo
quanto falta pra gente se ver todo dia
quanto falta pra gente se ver pra sempre
quanto falta pra gente se ver dia sim dia não
quanto falta pra gente se ver às vezes
quanto falta pra gente se ver cada vez menos
quanto falta pra gente não querer se ver
quanto falta pra gente não querer se ver nunca mais
quanto falta pra gente se ver e fingir que não se viu
quanto falta pra gente se ver e não se reconhecer
quanto falta pra gente se ver e nem lembrar que um dia se conheceu.

Romance em doze linhas, de Bruna Beber.

JÁ FAZ UM TEMPO que não dou as caras nesse blog, então decidi tirar a poeira dele de alguma forma. 2024 foi um ano extremamente peculiar e isso justifica minha ausência. Por mais que eu não tenha parado de escrever, o blog não ganhou foco durante o ano. Tentarei recompensar aqui.
Nos últimos meses, muita coisa aconteceu.
Em fevereiro, comecei uma nova coleção que confesso desejar há muitos anos: agora estou com vinis e uma vitrola. É bem engraçado pensar que o rapaz, da loja onde costumo comprar os discos, me disse que não dava 6 meses para eu ter mais de 50 LPs distintos, e ele foi realmente certeiro. Dentre os discos favoritos, destaco facilmente Scoundrel Days (a-ha, 1986), Faith (George Michael, 1987), Thriller (Michael Jackson, 1982), Turn Back the Clock (Johnny Hates Jazz, 1988) e World Machine (Level 42, 1985).
Acho que um dos mais importantes acontecimentos foi eu passar a morar sozinho. Me mudei no começo de março, nono dia, para ser mais exato. É um cantinho pequeno, mas cujo espaço é suficiente para eu viver tranquilo. Tem sido uma experiência bem interessante. As responsabilidades aumentaram, sim, mas a sensação de liberdade que vem junto é boa. Morar só tem sido curioso principalmente porque tenho aprendido a lidar mais comigo, sem necessariamente depender dos familiares, como acontecia. O fato é que eu fiz amizades logo de cara com a vizinhança da residência onde estou morando e isso também me fez bem: em muitos momentos, tendo a me sentir só, então é bom poder abrir a porta e conversar sobre coisas aleatórias com as pessoas que moram ao meu redor.
Também em março, passei a treinar caratê. Meus irmãos mais novos já praticaram a luta — o mais novo de todos, inclusive, se tornou faixa laranja recentemente — e eu já tinha um certo interesse na arte marcial, que foi escancarado quando comecei a colecionar o mangá que viria a se tornar Mangá do Ano para mim, Mabataki Yori Hayaku!! Num piscar de olhos. Graduei da faixa branca para a amarela e, assim que voltar para Natal, retomarei os treinos.
Enquanto que a coleção de quadrinhos segue crescendo, esse ano ela passou por um corte gigantesco: dos mais de 10 títulos que eu colecionava, hoje, estou mantendo apenas dois — um da DC, Batman, outro da Marvel, O Espetacular Homem-Aranha. Eu até dei a sorte de encontrar, em um sebo, o mangá mais raro já lançado no país (algo que já registrei neste blog).
Por falar em World Machine, fiz 3 tatuagens novas também em março, e uma delas foi exatamente o ícone da capa do disco. As outras duas foram a barra de saúde do jogo Minecraft, em seu modo hardcore e um quadro da minha tira diária favorita de Peanuts, onde Linus e Charlie Brown estão apoiados no muro de tijolos que eles sempre se punham a filosofar. Estou tentando convencer meu melhor amigo carioca a me fazer de cobaia e tatuar mais algumas coisas em mim. (Rodrigo, caso um dia leia isto, espero que tenhas aceitado esse pedido que há tanto insisto.)
Em agosto, veio o momento que a maioria das pessoas que cursam o Ensino Superior temem: a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Fiquei extremamente nervoso, chegando a transpirar demais durante a defesa. Não convidei ninguém, mas dois amigos prestigiaram e meus pais, de surpresa, chegaram atrasados mas também estiveram presentes — eu infelizmente avisei um horário para eles, mas a defesa fora adiantada para uma hora antes do previsto. Ainda assim, mesmo com todos os percalços da caminhada, meu TCC foi aprovado com louvores e praticamente nenhum ajuste. Recebi convites dos professores presentes na banca para participar do Mestrado e continuar seguindo a carreira acadêmica, algo que confesso desejar e estou seguindo em frente com isso.
Em setembro, outro momento importante: minha formatura. Ao lado de minha madrasta, entrei e recebi meu grau de bacharel em Ciências e Tecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É engraçado quando paro pra pensar, pois um dos sonhos de infância era me tornar cientista (uma influência feita graças ao Franjinha, personagem da Turma da Mônica). Os outros dois sonhos eram ser motorista de ônibus e ter um canal de televisão focado em clipes musicais. Pelo menos um dos três eu já marquei como feito na lista.
Em outubro, voltei para o Rio de Janeiro mais uma vez. Pela primeira vez em anos, descobri que o Rio de Janeiro não tem mais nada que me prenda de verdade. Era uma dúvida que eu tinha e que eu não sabia ao certo como seria lidar. É algo a ser tratado na terapia, claro (uma das metas para 2025, inclusive), mas notei que o apego que eu tinha já não tem mais a mesma força de antes. Tem sido bem peculiar estar aqui de novo. Escrevo, inclusive, no lugar onde vivi minha infância e início da vida adulta (durante alguns anos, não morei em Irajá, mas sim em Ricardo de Albuquerque, com minha mãe). E escrevo acentuando esse sentimento de desapego — ao lugar, à família, às pessoas. Claro, tenho todas as memórias e lembranças boas daqui, das pessoas que tive comigo e dos locais que visitei, sozinho ou acompanhado. Aliás, saí muitas vezes sozinho pelo RJ dessa vez. E tem sido bom ver a cidade assim. Mas, ainda assim, não sinto mais o mesmo gosto que sentia antes.
O fim de ano teve a energia triste que todo fim de ano sempre tem. Mas, ainda assim, teve seus momentos legais, como o Natal em que visitei meu amigo Jorge e interagi com sua família e amigos e o Ano Novo, quando Rodrigo, Lucas e Vinicius vieram visitar a mim e minha avó — do contrário, teria sido uma virada solitária, acompanhada da minha velhinha, que completou 84 anos no dia 25 de dezembro.
Conheci muita gente nova em 2024. Reencontrei muita gente querida demais para mim. Pessoas importantes se afastaram e tive de lidar com o luto da separação. Anna, Bruno, Christopher, Déborah, Eduardo, Ellen, Enric, Gabriela, Gabriele, Julio, Jully, Liana, Lucas, Marcos, Mariana, Mayara, Moisaniel, Pedro, Rodrigo, Victória, Vinicius, Yasmini. Meu psicólogo Jean também precisa entrar na lista. Vocês têm uma estrela de Pessoas do Ano para mim. Obrigado por estarem aqui.
Começo 2025 com algumas dúvidas e algumas certezas. Algumas tristezas e algumas felicidades. Mas escrevo esperando seguir com a cabeça erguida. E, se for preciso baixá-la, espero ter a consciência de que será temporário. Sigo em frente tendo em mente que o alvo agora é crescer pessoal e profissionalmente.
Vejamos o que este ano trará!

Irajá, 03 de janeiro de 2025
Rio de Janeiro, Brasil