quanto falta pra gente se ver hoje
quanto falta pra gente se ver logo
quanto falta pra gente se ver todo dia
quanto falta pra gente se ver pra sempre
quanto falta pra gente se ver dia sim dia não
quanto falta pra gente se ver às vezes
quanto falta pra gente se ver cada vez menos
quanto falta pra gente não querer se ver
quanto falta pra gente não querer se ver nunca mais
quanto falta pra gente se ver e fingir que não se viu
quanto falta pra gente se ver e não se reconhecer
quanto falta pra gente se ver e nem lembrar que um dia se conheceu.
Romance em doze linhas, de Bruna Beber.
JÁ FAZ UM TEMPO que não dou as caras nesse blog, então decidi tirar a poeira dele de alguma forma. 2024 tem sido um ano extremamente peculiar e isso justifica minha ausência. Por mais que eu não tenha parado de escrever, o blog não ganhou foco durante o ano. Tentarei recompensar aqui.
Nos últimos meses, muita coisa aconteceu.
Em fevereiro, comecei uma nova coleção que confesso desejar há muitos anos: agora estou com vinis e uma vitrola. É bem engraçado pensar que o rapaz, da loja onde costumo comprar os discos, me disse que não dava 6 meses para eu ter mais de 50 LPs distintos, e ele foi realmente certeiro. Dentre os discos favoritos, destaco facilmente Scoundrel Days (a-ha, 1986), Faith (George Michael, 1987), Thriller (Michael Jackson, 1982), Turn Back the Clock (Johnny Hates Jazz, 1988) e World Machine (Level 42, 1985).
Acho que um dos mais importantes acontecimentos foi eu passar a morar sozinho. Me mudei no começo de março, nono dia, para ser mais exato. É um cantinho pequeno, mas cujo espaço é suficiente para eu viver tranquilo. Tem sido uma experiência bem interessante. As responsabilidades aumentaram, sim, mas a sensação de liberdade que vem junto é boa. Morar só tem sido curioso principalmente porque tenho aprendido a lidar mais comigo, sem necessariamente depender dos familiares, como acontecia. O fato é que eu fiz amizades logo de cara com a vizinhança da residência onde estou morando e isso também me fez bem: em muitos momentos, tendo a me sentir só, então é bom poder abrir a porta e conversar sobre coisas aleatórias com as pessoas que moram ao meu redor.
Também em março, passei a treinar caratê. Meus irmãos mais novos já praticaram a luta — o mais novo de todos, inclusive, se tornou faixa laranja recentemente — e eu já tinha um certo interesse na arte marcial, que foi escancarado quando comecei a colecionar o mangá que viria a se tornar Mangá do Ano para mim, Mabataki Yori Hayaku!! Num piscar de olhos. Graduei da faixa branca para a amarela e, assim que voltar para Natal, retomarei os treinos.
Enquanto que a coleção de quadrinhos segue crescendo, esse ano ela passou por um corte gigantesco: dos mais de 10 títulos que eu colecionava, hoje, estou mantendo apenas dois — um da DC, Batman, outro da Marvel, O Espetacular Homem-Aranha. Eu até dei a sorte de encontrar, em um sebo, o mangá mais raro já lançado no país (algo que já registrei neste blog).
Por falar em World Machine, fiz 3 tatuagens novas também em março, e uma delas foi exatamente o ícone da capa do disco. As outras duas foram a barra de saúde do jogo Minecraft, em seu modo hardcore e um quadro da minha tira diária favorita de Peanuts, onde Linus e Charlie Brown estão apoiados no muro de tijolos que eles sempre se punham a filosofar. Estou tentando convencer meu melhor amigo carioca a me fazer de cobaia e tatuar mais algumas coisas em mim. (Rodrigo, caso um dia leia isto, espero que tenhas aceitado esse pedido que há tanto insisto.)
Em agosto, veio o momento que a maioria das pessoas que cursam o Ensino Superior temem: a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Fiquei extremamente nervoso, chegando a transpirar demais durante a defesa. Não convidei ninguém, mas dois amigos prestigiaram e meus pais, de surpresa, chegaram atrasados mas também estiveram presentes — eu infelizmente avisei um horário para eles, mas a defesa fora adiantada para uma hora antes do previsto. Ainda assim, mesmo com todos os percalços da caminhada, meu TCC foi aprovado com louvores e praticamente nenhum ajuste. Recebi convites dos professores presentes na banca para participar do Mestrado e continuar seguindo a carreira acadêmica, algo que confesso desejar e estou seguindo em frente com isso.
Em setembro, outro momento importante: minha formatura. Ao lado de minha madrasta, entrei e recebi meu grau de bacharel em Ciências e Tecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É engraçado quando paro pra pensar, pois um dos sonhos de infância era me tornar cientista (uma influência feita graças ao Franjinha, personagem da Turma da Mônica). Os outros dois sonhos eram ser motorista de ônibus e ter um canal de televisão focado em clipes musicais. Pelo menos um dos três eu já marquei como feito na lista.
Em outubro, voltei para o Rio de Janeiro mais uma vez. Pela primeira vez em anos, descobri que o Rio de Janeiro não tem mais nada que me prenda de verdade. Era uma dúvida que eu tinha e que eu não sabia ao certo como seria lidar. É algo a ser tratado na terapia, claro (uma das metas para 2025, inclusive), mas notei que o apego que eu tinha já não tem mais a mesma força de antes. Tem sido bem peculiar estar aqui de novo. Escrevo, inclusive, no lugar onde vivi minha infância e início da vida adulta (durante alguns anos, não morei em Irajá, mas sim em Ricardo de Albuquerque, com minha mãe). E escrevo acentuando esse sentimento de desapego — ao lugar, à família, às pessoas. Claro, tenho todas as memórias e lembranças boas daqui, das pessoas que tive comigo e dos locais que visitei, sozinho ou acompanhado. Aliás, saí muitas vezes sozinho pelo RJ dessa vez. E tem sido bom ver a cidade assim. Mas, ainda assim, não sinto mais o mesmo gosto que sentia antes.
O fim de ano teve a energia triste que todo fim de ano sempre tem. Mas, ainda assim, teve seus momentos legais, como o Natal em que visitei meu amigo Jorge e interagi com sua família e amigos e o Ano Novo, quando Rodrigo, Lucas e Vinicius vieram visitar a mim e minha avó — do contrário, teria sido uma virada solitária, acompanhada da minha velhinha, que completou 84 anos no dia 25 de dezembro.
Conheci muita gente nova em 2024. Reencontrei muita gente querida demais para mim. Pessoas importantes se afastaram e tive de lidar com o luto da separação. Alexia, Anna, Ashley, Bruno, o outro Bruno (que não é o da Alexia), Christopher, Déborah, Eduardo, Ellen, Enric, Everton, Gabriela, Gabriele, Julio, Jully, Liana, Lucas, Marcos, Mariana, Mayara, Moisaniel, Pedro, Rodrigo, Victória, Vinicius, Yasmini. Vocês têm uma estrela de Pessoas do Ano para mim. Obrigado por estarem aqui.
Começo 2025 com algumas dúvidas e algumas certezas. Algumas tristezas e algumas felicidades. Mas escrevo esperando seguir com a cabeça erguida. E, se for preciso baixá-la, espero ter a consciência de que será temporário. Sigo em frente tendo em mente que o alvo agora é crescer pessoal e profissionalmente.
Vejamos o que este ano trará!
Irajá, 03 de janeiro de 2025
Rio de Janeiro, Brasil
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