“É bom, contudo, que o homem
confrontando-se com a dificuldade
se julgue de vez em quando.”
(“O mito de Sísifo”, Albert Camus)
Na verdade, eu tinha pago o primeiro aluguel antes, em 21 de fevereiro, mas a mudança em si só ocorreu em março porque comprei, aos poucos, as coisas que precisava pro cantinho novo que viria a morar. É um espaço pequeno, mas que funciona bem pra uma primeira vez morando só.
A experiência de morar sozinho tem sido no mínimo curiosa. Também já escrevi sobre isso outras vezes e já relatei que temo a sensação de solidão. É um dos fantasmas que me assombram e que tenho tratado em terapia. Claro, é algo que não vai sumir do dia pra noite, nem da noite pro dia, mas é algo que eu ainda assim sigo temendo e a origem eu já conheço. Papo pra um outro dia, com certeza, mas necessário de ser pontuado.
Pois bem, morar sozinho tem sido interessante. Fiz amizade com a vizinhança e isso evita que eu me sinta só. Inclusive, ontem, comemorei com um dos vizinhos o fato de que não faz apenas um ano que passei a morar só mas também faz um ano que o conheço. A ocasião pediu uma pizza e foi ela que dividi com esse vizinho. O papo foi de dinheiro e economia até Sísifo e sua pedra e as escolhas e decisões que tomamos. Finalizou com um abraço apertado e um aperto de mão unido a um “Obrigado por tudo até aqui”.
Aprendi demais a agradecer.
Agradeci, por exemplo, ao meu irmão, que me auxiliou a, pela primeira vez, zerar Minecraft. Tudo bem que foram incontáveis mortes — foram 7 viagens até o local onde o Portal para o Fim do jogo ficava, só para notar que eu não ia conseguir e perder todos os itens que juntei até o momento. Mas, pela primeira vez, jogando sozinho, encarei o medo de enfrentar o Dragão do Fim. Acreditem se quiser, Minecraft consegue ser um jogo extremamente assustador quando quer. E o Fim é definitivamente uma prova disso.
Também fui acompanhado e agradeci — mesmo que ele não faça ideia — ao Jason Aaron e à fase dos Vingadores que ele escreveu. Ela tem sido minha “série da Netflix” em gibi que eu venho maratonando. No meio do caminho, também se juntaram à revista, que se tornou um mix, os títulos do Thor (de Donny Cates), Capitão América (de Ta-Nehisi Coates) e o Homem de Ferro (de Christopher Cantwell, que, por sinal, tem sido uma baita surpresa, especialmente pela arte do Cafu — Carlos Alberto Fernández Urbano — e as cores do Frank D'Armata, que é uma belezura aos olhos). Todos esses personagens estão me acompanhando há algum tempo e tem sido muito bom me divertir com a escrita e as artes.
Comecei também um emprego novo, e agradeci por finalmente receber o título de Desenvolvedor Mobile Junior que tanto almejava. É o reconhecimento do primeiro degrau na carreira de qualquer desenvolvedor (se bem que outros cargos também possuem esses títulos). Por mais que eu já trabalhe com programação há 4 anos, eu ainda não tinha recebido nenhum título de experiência. Estou trabalhando num baita projeto legal e para uma Universidade Federal. Isso é fantástico em tantos níveis! Realmente não consigo conter a felicidade.
E comecei esse emprego novo a uma semana de completar 29 anos. Meu aniversário cai na quarta, dia 12, e tenho brincado com todos que essa semana de 9 a 15 de março está totalmente referenciada na minha cabeça. Os diálogos são mais ou menos assim:
— [Algum evento] vai cair no dia 13... — diz alguém.
— Que é na quinta, porque ela é um dia depois do dia 12, e dia 12 é uma quarta e quarta é meu aniversário! — eu respondo.
Acho que estou escrevendo esse texto mais para lembrar da importância de saber agradecer pelas coisas. Sejam elas boas ou ruins, ainda se pode tirar algum proveito, algum ensinamento. Saber ter paciência é importante. A CICADA 3301 colocava em diversos dos seus enigmas que “A paciência é uma virtude”. É preciso saber reconhecer que para tudo há tempo.
Hoje, para mim, é tempo de agradecer.
Parnamirim, 09 de março de 2025
Rio Grande do Norte, Brasil